Fotos Divulgação
A Coleção Collaço Paulo abre-se, mais uma vez, para produzir interrogações e surpresas. A partir de um conjunto de artefatos indígenas, dois mapas e 48 obras artísticas de diferentes períodos e materialidades, a sexta exposição oferecida pelo Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, desde o ano de sua criação em 2022, convida os visitantes a conhecer trabalhos icônicos e inéditos, representativos da história da arte internacional, brasileira e de Santa Catarina. “Sintomas do Agora”, o conceito curatorial de Francine Goudel, de modo transversal, estabelece atravessamentos e possibilita ampla reflexão sobre a arte, a história e o tempo. A mostra abre hoje, dia 15, e com entrada gratuita fica aberta até 14 de novembro.
O casal de colecionadores, Jeanine Godin Paulo e Marcelo Collaço Paulo, celebra o momento: “O que fizemos e o que estar por vir. Próximos de completar três anos de existência, estamos felizes de poder oferecer arte para a população através de programas e exposições as mais diversas possíveis no âmbito da coleção. Nosso principal foco é a arte e educação, em que se inserem principalmente as crianças. Desde a abertura da instituição, mais de 7 mil crianças viram as exposições e realizaram atividades com os professores. Vamos agora para a sexta mostra, ‘Sintomas do Agora’, com uma seleção de obras, com temas que falam da realidade atual. Aguardamos a todos e convidamos a vir, ela é gratuita, resguardando sempre o princípio do instituto, que é arte para todos”.
Emergências do contemporâneo
Em associação de imagens e temas, as obras incorporadas ao longo dos anos pelos colecionadores são articuladas para estimular sensibilização sobre as emergências do contemporâneo. O novo recorte da curadora mistura culturas e territórios, o ado e o presente, associa linguagens, discorre sobre a existência humana nas tessituras do social, do ambiental, do econômico e do cultural. Sem nenhuma tese acadêmica ou científica, só sob o estatuto da atualidade, em uma voltagem específica, põe a pensar sobre as relações de poder e domínio, as urgências climáticas, a cidadania e o multiculturalismo.
No decorrer do espaço expositivo, as salas ganham recortes distintos apresentados sob os títulos “Sintomas do Agora”, “Ver o que Ainda Vive”, “A Invenção de Si”, “O Fio que Une a Todos”, “O Peso das Estruturas” e “Resistência é o Nome”. Por essa direção, cada visitante pode criar o seu próprio itinerário na tentativa de inventariar o tempo presente, instaurando com suas descobertas uma experiência estética inusitada, a começar pelo primeiro contato com obras de artistas nunca vistos em Santa Catarina, como Miguel Afa, Renata Leoa e Silvana Mendes, nomes emergentes da atual cena brasileira.
Num complexo campo de forças e relações, destacam-se outras particularidades. Sem agrupar, o critério curatorial dá espaço à arte de Santa Catarina. Inclui trabalhos de Eli Heil (1929-2017), Fernando Lindote, Paulo Gaiad (1953-2016), Rubens Oestroem, Schwanke (1951-1992), Silvio Pléticos (1924-2020) e Martinho de Haro (1907-1985) – nomes e trajetórias inseridos na arte brasileira que demonstram, cada um a seu modo, como rompem com as tradições, reinventam e ajudam a enxergar o que já está posto. Suas pinturas carregam a vitalidade desta prática secular assumida com forma e discursos renovadores.
Aproximações
Entre as raridades, “Sintomas do Agora” possibilita o contato com obras, entre outras, de Debret (1768-1848), Abigail de Andrade (1864-1890) e João Baptista da Costa (1865-1926). “Árvores: Dia Sem Sol”, óleo sobre madeira, um estudo de João Baptista, reconhecido como exímio paisagista. Um dos grandes pintores brasileiros de paisagem do entre séculos 19 e 20, ele está representado na mostra com uma exuberante biodiversidade, de matas e verdes, de cenários bucólicos que não existem mais. O óleo sobre madeira “Sem Título” de Abigail de Andrade merece atenção pelo fato de que a premiada artista manteve uma diminuta produção que só ganha visibilidade em 1989 com a publicação do livro “150 Anos de Pintura no Brasil” que reproduz três telas de sua autoria pertencentes à Coleção Fadel. Debret, um dos artistas viajantes que esteve no Brasil entre 1816 e 1831, é outra grandeza da mostra com a litografia aquarelada sobre papel.
Outra análise aproximativa pode recair na representatividade da produção feminina. Veja: Anna Bella Geiger, Eli Heil, Renata Leoa, Maria Martins (1894-1973), Maria Leontina (1917-1984), Silvana Mendes, Yolanda Muhalyi (1909-1978), Abigail de Andrade, Tomie Ohtake (1913-2015) e Maria Lugossy (1950-2012) atestam, cada uma na sua linguagem e no seu tempo, as qualidades inquestionáveis de fatura e pensamento, a exemplo de Maria Martins, que está na história do modernismo brasileiro, conhecida sobretudo pela série “O Impossível”, criada nos anos 1950, em esculturas de bronze. A mostra inclui uma gravura identificada nesse período de criação. As emergentes Leoa e Silvana Mendes estão inseridas nas políticas de afirmação racial.
Na perspectiva do tempo presente, as obras alcançam uma tensão entre construção e destruição, do que está vivo ou estagnado, do vibrante e do espectral, da ordem e desordem, do positivo e negativo. Destaca-se também a participação de modernistas brasileiros, entre eles Iberê Camargo (1914-1994), Portinari (1903-1962), Goeldi (1895-1961), Guignard (1896-1962). E, em outro recorte, as quatro esculturas, entre elas uma de Bruno Giorgio (1905-1993) e uma de Amilcar de Castro (1920-2002).
Aberta, nas leituras de cada espectador, a ampla possibilidade de outros desdobramentos do olhar diante do atravessamento entre o ado e o futuro que, neste caso, conduz para os temas contemporâneos urgentes. A mostra, como diz a curadora Francine Goudel, “é um convite à escuta atenta do tempo atual e também à construção de imaginários possíveis para o que ainda está por vir”.
Incentivo cultural
Aberta, com entrada gratuita, até 14 de novembro, a exposição “Sintomas do Agora” e as iniciativas que asseguram ibilidade contam com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi), apoio cultural da Ibagy, Corporate Park e Paradigma Cine Arte e patrocínio da Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Com esse engajamento empresarial, o Instituto Collaço Paulo garante o o de ações educativas e inclusivas.
Sinopse
“Sintomas do Agora” reúne diferentes artistas e períodos que constituem a Coleção Collaço Paulo, com o objetivo de gerar um espaço de explanação sobre os sinais que atravessam o presente. Entre outros trabalhos, os de Anna Bella Geiger, Guignard (1896-1962), Maria Martins (1894-1973), Miguel Afa, Renata Leoa, Tomie Ohtake (1913-2015) e Paulo Gaiad (1953-2016), cada um à sua maneira, capturam traços visíveis e invisíveis de um panorama global em veloz transformação. Sem diagnósticos fechados, as obras funcionam como rastros de ruídos, conflitos, fragilidades e afetos que ajudam a interrogar o agora. Ao transitar por temas diversos como biodiversidade, consumo, poder, cidadania, multiculturalismo e subjetividade, a mostra possibilita uma visão sistêmica, e se coloca como um convite à construção de imaginários possíveis para o que ainda está por vir.
Artistas participantes
Abigail de Andrade (1864-1890), Alexander Davis Cooper (1820-1895), Amilcar de Castro (1920-2002), Argemiro Cunha (1880-1940), Bertil Vallien, Bruno Giorgio (1905-1993), Cândido Portinari (1903-1962), Eli Heil (1929-2017), Erich Wessel (1906-1985), Eduardo Leon Garrido (1856-1949), Fahrion (1898-1970), Fernando Lindote, François Xavier Bricard (1879-1935), Fulvio Pennacchi (1905-1992), Gilvan Samico, Helios Seelinger (1878-1965), Iberê Camargo (1914-1994), Jean-Baptiste Debret (1768-1848), João Baptista da Costa (1865-1926), Marcelo Camara, Maria Martins (1894-1973), Maria Leontina (1917-1984), Maria Lugossy (1950-2012), Martinho de Haro (1907-1985), Miguel Afa, Miguel Penha, Maurício Barbato, Newton Rezende (1912-1994), Oswaldo Goeldi (1895-1961), Paulo Gaiad (1953-2016), Pedro Luiz Correa do Araújo (1874-1955), Renata Leoa, Rubens Oestroem, Sandro Chia, Schwanke (1951-1992), Silvana Mendes, Silvio Pléticos (1924-2020), Siron Franco, Tomie Ohtake (1913-2015), Yolanda Muhalyi (1909-1978), uma tela da escola de Praga (séc. 17), uma da escola da Antuérpia (séc. 17) e outra da escola flamenga (séc. 15)
Equipe Técnica
Acervo: Coleção Collaço Paulo
Curadoria, expografia, produção executiva e textos: Francine Goudel
Assessoria de imprensa, revisão e edição de textos: Néri Pedroso
Material e proposições educativas: Joana Amarante e Marcello Carpes
Coordenação de acervo e montagem: Cristina Maria Dalla Nora
Conservação e restauração do acervo: Sára Fermiano
Montagem: Flávio Xanxa Brunetto
Apoio de montagem: Adriano Lessa, Joana Amarante e Marcello Carpes
Material gráfico e identidade visual: Lorena Galeri
Gestão de mídias sociais: Natália Régis
Fotografia da coleção: Eduardo Marques
Captação de recurso e produção istrativa: Harmônica Arte e Entretenimento
Serviço
O quê: exposição “Sintomas do Agora”, curadoria de Francine Goudel
Quando: 15.5 a 14.11.2025; seg. a sáb., 13h30 às 18h30
Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: (48) 3025-4058
Quanto: gratuito
Saiba Mais
www.institutocollacopaulo.com.br
@institutocollacopaulo
Teaser 2024 Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação
Realização
Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação
Apoio
Sesi
Apoio Cultural
Ibagy, Corporate Park e Paradigma Cine Arte
Patrocínio
Esse projeto é totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis, Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nº 3659/91